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Segundo o mestre em Economia Renato Dolci, em artigo publicado no InfoMoney neste final de semana, dados enviados pelo Banco Central (BC) à CPI das Bets mostram que R$ 22 bilhões por mês saíram de contas de pessoas físicas para sites de apostas no 1º trimestre de 2025.
Ele afirma que, mantido o ritmo, o ano fechará perto de R$ 270 bilhões. O volume representa 84% de todo o varejo de carne bovina no país em 2024 (que é de R$ 321 bilhões segundo o Anuário CiCarne). Dessa forma, 20% da massa salarial nacional passa por casas de aposta ao menos uma vez por ano, segundo o Banco Central.
Dolci cita dados colhidos em pesquisas para estabelecer sua tese de que o dinheiro que seria usado para o consumo de alimentos estaria migrando para as apostas:
- O número de usuários ativos em três grandes plataformas (Bet365, Blaze, PixBet) subiu 62% no último ano, segundo a Sensor Tower;
- O APP Store Ranking Brasil de Abril de 2025 coloca dois apps de bet entre os cinco de finanças mais baixados, em 2021 não havia nenhum;
- Dados da PicPay Store mostram picos de depósito em bets às sextas (15h-20h), o que seria o 'horário típico de compras de carne'.
"Enquanto isso, a aposta preenche o espaço de entretenimento barato, entregando uma promessa de ganho rápido que nenhum corte de IOF ou taxa de importação pode compensar. Em 2026, o palanque que exibe a picanha e o litrão talvez descubra que parte do público trocou a churrasqueira pelo cassino de bolso. E o voto, nesse caso, pode pesar mais no saldo do Pix do que no preço do quilo da tão citada picanha", finaliza Docli em seu artigo.
Dados e análises que traçam paralelos entre gastos com bets e mudanças nos hábitos de consumo da população são, no entanto, comumente questionados pelo setor de apostas. Na semana passada, por exemplo, a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) emitiu uma nota de esclarecimento em resposta a uma matéria do UOL que apontava os jogos online como fator de impedimento de ingresso em universidades privadas.
"A construção de narrativas que propagam o comportamento equivocado de uma minoria como se fosse algo amplamente praticado só prejudica o setor e a própria sociedade brasileira", afirmou a nota da ANJL.
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